terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Metro Mondego - Relato de uma Novela

Este texto serve para relatar a situação vergonhosa e inadmissível a que chegou a implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego no Ramal da Lousã.
O Ramal da Lousã consiste numa linha ferroviária em bitola ibérica, que garante o transporte de passageiros (e, outrora, também de mercadorias) entre Serpins (Lousã) e Coimbra. A construção do Ramal da Lousã foi oficialmente anunciada por portaria no reinado de D. Luis, corria o ano de 1873. A ideia inicial seria a construção de uma ferrovia que ligasse Coimbra até Arganil, com a possibilidade de prolongá-la até à Covilhã, na Linha da Beira Baixa. Durante a construção do Ramal da Lousã, alguns problemas financeiros das empresas construtoras levaram a que as obras se prolongassem no tempo, tendo sido inaugurado, a 16 de Dezembro de 1906, o troço Coimbra-Lousã. Em 1907, começaram as obras que dariam continuidade ao Ramal, prolongando-o até Arganil. Todavia, este objectivo nunca veio a ser concretizado devido, novamente, a dificuldades financeiras, tendo as obras parado em Serpins, localidade onde hoje é o términus deste Ramal. Ainda assim, o corredor reservado para o Ramal da Lousã em direcção a Arganil continua por mais uns 5 kms, terminando num túnel inacabado, embora nunca tenham sido colocados carris neste troço. O troço Lousã-Serpins foi inaugurado apenas em 10 de Agosto de 1930! Até ao início de Dezembro de 2009, o transporte ferroviário entre Serpins e Coimbra fez-se ininterruptamente, através de locomotivas a vapor que deram, mais tarde, lugar às automotoras a diesel, servindo milhares de pessoas residentes nos concelhos da Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra.

No início de Dezembro de 2009, o centenário Ramal da Lousã começou a ser desmantelado para dar lugar ao Sistema de Mobilidade do Mondego. O projecto baseia-se na mudança de bitola (distância entre carris) e electrificação da linha, de modo a substituir o transporte ferroviário pesado que, até então, se fazia através de automotoras a diesel por um metropolitano ligeiro de superfície. Pretendia-se, desta forma, aumentar a qualidade do serviço prestado às milhares de pessoas que usufruíam do transporte ferroviário de e para Coimbra. Em Janeiro de 2010, o Ramal da Lousã foi encerrado na sua totalidade, sendo que, a partir dessa data, o transporte dos passageiros passou a ser feito por autocarros. Entretanto, os carris continuavam a ser arrancados para dar lugar aos novos carris que iriam servir o Metropolitano Ligeiro de Superfície, um projecto que se previa estar concluído em 2011 ou, o mais tardar, em 2012.

A meio deste ano, com a aplicação do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), começou a temer-se que as obras entretanto iniciadas não iriam terminar nos prazos previstos. Recentemente, o Governo deu a entender a sua vontade em acabar com a Sociedade Metro Mondego, da qual é sócio maioritário, colocando em causa todo o projecto de implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego. Ainda mais recentemente, veio a público uma ordem da REFER (empresa gestora do Ramal da Lousã e das obras que nele decorrem) dizendo para as empresas construtoras suspenderem as obras por alegada falta de dinheiro!!! Os receios de que as obras não iriam terminar dentro dos prazos previstos deu lugar aos receios de que as obras não iriam terminar, ponto final. Estaria, assim, colocado em causa o transporte dos passageiros através de uma ferrovia com mais de 100 anos!

Resumindo, o Governo destruiu uma infra-estrutura que funcionava (apesar de todas as suas debilidades). Alegando dificuldades devido à crise (o bode expiatório para tudo e mais alguma coisa), está a colocar em causa a reposição de um serviço que funcionava há mais de 100 anos! Isto seria o mesmo que o Governo demolir a ponte 25 de Abril para construir uma ponte melhor e, depois de deitada a ponte abaixo, não construir uma ponte nova! Ora, isto é inadmissível!!! Esta situação que se está a passar com o Metro Mondego deve ser fortemente noticiada para que Portugal inteiro veja e saiba o que se está a passar na região centro.

Existem muitos mais pormenores, todos eles importantes, sobre esta novela mas os pontos essenciais estão descritos neste texto. Algo tem de ser feito para que o transporte ferroviário seja reposto. O que é que vocês, leitores, têm a dizer acerca disto?

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3 comentários:

Daniel C.da Silva disse...

Passo para deixar os votos interiores de um Natal com Paz, independentemente da concepção aque se tenha dele.

Com amizade

Lobinho

Bárbara Quaresma disse...

É uma vergonha, Nuno! Em vez de tentarem melhorar o que já tinhamos, preferiram arrancar os carris e começar do zero... Agora nem automotora nem metro! É o governo que temos!

Saltos Altos Vermelhos disse...

Olá Nuno :D que bom saber que ainda passas por lá :D e a tua menina?? como está? Uma beleza presumo :) A Sabrininhas está cada dia mais bonita e o amor é tanto :D