quinta-feira, 18 de março de 2010

A morte

Este post pode ser bastante aterrorizador (e talvez polémico), ou não fosse ele sobre a morte. Podem estar sossegados, eu não estou com tendências suicidas nem com uma valente depressão. Apenas me apetece falar sobre esta... fatalidade!

A morte marca o fim absoluto de uma qualquer etapa. No caso que mais nos interessa, marca o final da nossa (sempre curta) existência. Embora haja quem considere que existe vida para além da morte e que a vida representa apenas uma etapa entre uma dimensão e outra, ainda nada foi provado. Ainda não há provas de que, depois de morrermos, passamos a existir doutra forma. É legítimo, por isso, pensar-se que a nossa morte significa a nossa partida definitiva e que nunca mais voltaremos a existir como um qualquer ser (seja a nível físico ou a nível espiritual). Confesso que isto me deixa aterrorizado. Nunca mais voltar a viver deixa-me completamente em pânico. Estas duas palavras ("nunca mais") representam tanto tempo que é impossível sequer imaginá-lo! Aliás, para o ser humano, o infinito é como que uma utopia. É um número impossível de atingir ou até de imaginar. Custa aceitar que, depois de morrermos, vamos ficar mortos por tempo infinito, ou ainda, vamos ficar mortos para sempre!!! À semelhança do "nunca mais", também o "para sempre" tem um tamanho tão grande que não conseguimos imaginá-lo. O conceito de infinito, por não ter uma dimensão imaginável, gera tanta controvérsia que é preferível arranjar qualquer desculpa que contorne esta nossa incapacidade do que tentar materializá-lo. É por causa desta incapacidade que o ser humano tem em imaginar o infinito (e, consequentemente, estar morto para sempre), que surgiram as religiões e crenças em entidades superiores (deuses), na vida para além da morte, etc. O ser humano não aceita que a sua morte seja o seu fim definitivo. Claro que, depois de morrermos, perdemos toda a consciência. Não sabemos que estamos mortos, não sentimos absolutamente nada, simplesmente deixamos de existir! Não é aterrorizador? Ai não que não é! Daí que é preferível acreditarmos que Deus existe e que, quando morrermos, vamos para o Céu.

Mesmo que não se arranjem desculpas que contornem o inexplicável, o infinito continua a ser extremamente desconcertante para o ser humano. Peguemos no Universo. Segundo a teoria actual, também o Universo é infinito. Isto obriga a colocar sucessivas questões, todas elas sem resposta satisfatória. Como é que uma coisa pode ser de tal forma grande que nunca acabe? Será que o universo não tem mesmo limites? Como é isso possível? E se tiver limites, o que é que existe para além desse limite? Outro universo? Quantos universos existem para além deste? Se no início de tudo (quando se deu o Big Bang) o Universo era bem mais pequeno do que até agora, até quando ele vai continuar a expandir-se? Que tamanho tem o espaço que dantes não era ocupado por nada e agora está ocupado pelo Universo que entretanto se expandiu? E o que é que existia antes do Big Bang? Há quanto tempo é que isso existia? Se o Universo tiver mesmo limite, para lá desse limite não existe nada? Como é que isso é possível? O limite do universo é como uma parede? Se não existe nada para além dessa parede, qual é a espessura dessa parede? Será que atrás dessa parede fica o Céu?

Como já alguém disse, o único ser vivo que tem consciência da sua morte, é também o único ser vivo que ri. Não é irónico?

5 comentários:

Bárbara Quaresma disse...

Questões, questões e mais questões para as quais nunca vamos encontrar respostas... Mas de uma coisa eu tenho a certeza: a vida, na maioria das vezes, é muito injusta. As pessoas deviam morrer já velhas, pela ordem natural da vida...

' Claudjinha disse...

Não sabes que morreste (quando morres), por isso, porquê o medo da morte ? :)

Sun Melody disse...

Pensamentos frequentemente abordados, e cabe a cada um de nós encontrar uma reflexão profunda a um tema que nos é particularmente vedado.

Resta-nos então viver, e a vida nem sempre é o que julgamos ser.

Beijo
Sun

Nuno disse...

Bárbara, eu concordo contigo. Mas por vezes, o sofrimento pode ser tanto que a vida deixa de fazer sentido.

'Claudjinha, eu sei que, depois de morrermos, não temos consciência que estamos mortos. Mas enquanto estamos vivos, pensar que vamos ficar mortos para sempre é horrível!!!

Sun Melody, como se costuma dizer, temos de aproveitar enquanto cá andamos. :)

Anónimo disse...

Penso tanto nestas coisas, Nuno. Está bem que estando mortos não sentimos nada, mas enquanto vivos não conseguimos deixar de sentir "pena" de nós próprios. Um dia o mundo vai andar sem nunca se lembrar de nós. Um dia vamos ser fotografias num album que os descendentes não conseguirão identificar. Isto faz de facto pensar no valor da nossa vida afinal, se vale a pena ou não a luta diária. Há até quem entre em desespero e termine logo com a sua própria vida. Mas se por um lado isto é sufocante, por outro é libertador. Faz-me ter consciência de que a minha vida é minha; que as decisões são minhas e não dos preconceitos, nem das circunstâncias,nem dos medos, nem das inseguranças, ou do que os outros vão pensar. Serve-me para identificar o que é realmente importante.

(Big Bang e afins) E porque é que tem de existir um início? Porque é que tudo o que existe tem de ter um início, um começo? É tão difícil imaginar um não-começo como imaginar o infinito. Só conhecemos "segmentos de recta". Só nos é natural o início, o durante e o fim. Se abrimos horizontes para considerar um infinito (para a frente), por que não colocar a hipótese de um não-início?

Quanto à parte de Deus, do céu... Bem, que cada um acredite no que lhe faz viver melhor! :)