terça-feira, 9 de março de 2010

Campanhas de solidariedade

Nos últimos tempos, o mundo tem sido assolado por algumas catástrofes naturais. Foi o terramoto no Haiti, a tempestada na Madeira e, mais recentemente, outro terramoto, desta vez no Chile. Naturalmente, perante estas catástrofes, surgem ondas de solidariedade para com as vítimas destes acontecimentos. No entanto, estas campanhas de soliedariedade não são feitas da melhor forma. Na esmagadora maioria dos casos, as campanhas resumem-se, basicamente, à angariação de dinheiro que é enviado para instituições que se encarregam de fazê-lo chegar ao destino, com vista à reconstrução de casas e edifícios destruídos. Obviamente, a angariação de dinheiro é importante. Mas, como é costume dizer-se, o dinheiro não é tudo!

O Haiti é um dos países mais pobres do mundo. Se o Haiti e os haitianos já tinham enormes dificuldades, depois disto as dificuldades serão ainda maiores e, por isso, toda a ajuda é bem vinda. Se o dinheiro é importante para a reconstrução dos edifícios, há outras coisas que o dinheiro não resolve. Para além de uma reconstrução, o Haiti precisa, também, de uma reestruturação. Esta reestruturação, muito provavelmente, não irá acontecer. Antes deste terramoto, ninguém falava do Haiti nem havia a preocupação com as dificuldades dos haitianos. Foi preciso acontecer esta catástrofe para que o Haiti fosse alvo de atenção. Infelizmente, esta onda de solidariedade vai passar muito antes de tudo estar feito. Muito antes de tudo estar reconstruido, o Haiti e os haitianos vão ser novamente esquecidos e deixados à sua sorte. Embora a reconstrução seja difícil, ela é possível e há ajudas para isso com o dinheiro que é angariado nas campanhas de solidariedade. O mesmo já não acontece socialmente. As dificuldades sociais não se resolvem unicamente com dinheiro. Numa situação como a que o Haiti vive, há muito mais em jogo do que somente o dinheiro e isso vai ficar de fora de qualquer campanha de solidariedade, ou seja, o Haiti, depois disto, irá continuar a ser um dos países mais pobres do mundo e nada será feito para inverter essa situação.

No caso da Madeira, as coisas já são um pouco diferentes. Embora a Madeira também tenha sido vítima de uma catástrofe natural, as condições são completamente diferentes das do Haiti. Se o Haiti é um país pobre que vive com enormes dificuldades, já com a Madeira isso não acontece. Se uma parte dos estragos provocados pelo terramoto no Haiti se deveu à fraca qualidade de construção (fruto da pobreza existente neste país), na Madeira parte desses estragos foi provocada pelo incumprimento do ordenamento do território. Quando alguém fala nisto, é-se logo apelidado de insensível por falar neste assunto numa altura destas. A verdade é que há já algum tempo que têm sido feitos alertas e avisos para a possibilidade de uma situação destas poder acontecer. No entanto, estes avisos têm sido constantemente ignorados e continua-se a construir em leitos de cheias! Não quer dizer que não se construindo em leitos de cheias, as cheias não aconteçam. No entanto, há riscos que podiam ser minimizados e não são, por simples incúria dos responsáveis. Assim só por curiosidade, vejam só o que foi dito no programa Biosfera, exibido na RTP 2 em Abril de 2008 (quase dois anos antes de terem ocorrido estas cheias na Madeira).



Obviamente que, perante uma situação destas (catástrofes), as campanhas de solidariedade devem existir. Se no Haiti a recuperação não reside apenas na reconstrução dos edifícios, mas também numa reestruturação social, na Madeira a recuperação é mais fácil. Mas nem por isso deve deixar de ser alvo de apoio por parte de todos nós. Nunca sabemos quando somos nós a precisar de ajuda.

5 comentários:

Coelha disse...

Ultimamente tem sido uma coisa de doidos. A natureza ja nao nos aguenta...
Ora bem, so espero que mais desastres nao se aproximem... Espero sim!
Beijinhos*

Anónimo disse...

Penso que a reconstrução social só pode ser feita dentro do próprio país, pelos seus habitantes. As pessoas de fora pouco podem ajudar nesse sentido. O dinheiro que nos faz falta já está a ser enviado. O resto, por muito que queiramos, não pode ser reconstruido por nós... É a minha opinião :)

Beijinhos**

Pinkk Candy disse...

muito bem dito, estou totalmente de acordo e não diria melhor! =)

xoxo

Daniel Vieira disse...

"Casa roubada, trancas à porta". Vamos ver o que é que eles agora vão fazer...

Cláudia Mendes disse...

Pois!
Concordo contigo!Plenamente...
beijo